A história dos eventos e shows musicais é marcada por momentos de alegria, emoção e diversão. No entanto, também há registros de tragédias que abalaram o mundo do entretenimento. Desde a década de 60, quando os grandes shows e festivais se tornaram mais comuns, alguns eventos acabaram se transformando em cenários de pesadelo, resultando em mortes e ferimentos graves. Neste artigo, vamos relembrar alguns desses trágicos acontecimentos, analisando as circunstâncias e as consequências que marcaram essas ocasiões.
Festival de Altamont - 1969
No dia 6 de dezembro de 1969, foi realizado o Festival de Altamont, na Califórnia, que tinha como atrações principais as bandas Rolling Stones, Grateful Dead, Jefferson Airplane e Crosby, Still, Nash & Young. O evento foi planejado para ser uma espécie de segundo Woodstock, porém, acabou se tornando um pesadelo.
Os Rolling Stones contrataram uma gangue de motoqueiros para atuar como seguranças, mas a falta de uma estrutura adequada de divisão entre palco e público resultou em um trágico episódio. Durante o show, um homem chamado Meredith Hunter tentou subir ao palco e foi impedido por um dos seguranças. Uma briga se iniciou e Meredith foi esfaqueado, vindo a falecer no local. Além disso, o evento foi marcado pela dificuldade de acesso, falta de estacionamento e uma estrutura mínima de atendimento de emergência para um público estimado em cerca de 300 mil pessoas.
The Who - 1979
No dia 3 de dezembro de 1979, durante um show da banda The Who em Cincinnati, Ohio, ocorreu uma tragédia que resultou na morte de onze fãs. Enquanto a banda fazia apenas a passagem de som, os portões do local foram abertos de forma prematura. A multidão, desesperada para entrar, correu sem controle e várias pessoas caíram, sendo pisoteadas pela multidão.
O incidente demonstrou a falta de organização e segurança no evento, além da ausência de uma comunicação efetiva entre os seguranças do palco e os responsáveis pela entrada do público. Essa tragédia serviu como um alerta para a necessidade de medidas mais rigorosas de controle e segurança em shows e eventos musicais.
Legião Urbana - Mané Garrincha, 1988
No dia 18 de junho de 1988, a banda Legião Urbana se apresentava no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. O show, que tinha a expectativa de ser uma redenção para a banda, acabou se tornando um caos devido à falta de organização e controle do público.
Com a falta de policiamento e segurança adequados, somada às longas filas e atraso na apresentação, a produção decidiu liberar a entrada sem controle, o que resultou em tumultos e brigas generalizadas. O vocalista Renato Russo instigou ainda mais a situação, ofendendo a plateia e os seguranças com palavras provocativas. A apresentação foi interrompida após apenas oito músicas, e a Legião Urbana saiu do palco, deixando uma multidão enfurecida.
Guns N' Roses e Metallica - 1992
Em 1992, as bandas Guns N' Roses e Metallica estavam no auge de suas carreiras e realizaram uma turnê conjunta. No dia 8 de agosto, em um show em Montreal, no Canadá, uma série de eventos desastrosos ocorreram, afetando ambas as bandas e o público presente.
Durante a apresentação dos Metallica, o vocalista James Hetfield sofreu queimaduras de segundo e terceiro grau ao se aproximar do fogo dos efeitos pirotécnicos. O show foi interrompido e a plateia aguardou impacientemente a entrada do Guns N' Roses. No entanto, a banda se atrasou duas horas, deixando o público furioso. Além disso, o guitarrista Slash teve uma overdose durante a apresentação, e o vocalista Axl Rose encerrou o show alegando problemas de voz. A multidão, enfurecida, saiu às ruas de Montreal, vandalizando e saqueando lojas, além de incendiar prédios públicos.
Raimundos - Santos, 1997
No ano de 1997, a banda Raimundos se apresentou no Clube de Regatas Santista, em Santos, litoral de São Paulo. O local não possuía autorização para a realização de shows, e a falta de estrutura e controle se mostrou fatal.
Com apenas uma das cinco escadarias do local liberada para a entrada do público, a estrutura não suportou o excesso de peso e acabou desabando, ferindo 63 pessoas e causando a morte de sete jovens por asfixia e traumatismo craniano. Esse trágico incidente evidenciou a importância de uma fiscalização rigorosa e de uma estrutura adequada para a realização de eventos.
Woodstock - Nova Iorque, 1999
O Festival de Woodstock de 1999 foi realizado como uma comemoração do 30º aniversário do lendário festival de 1969. No entanto, ao contrário do evento original, o Woodstock '99 foi marcado por uma série de problemas e controvérsias.
O festival, que ocorreu em Nova Iorque de 22 a 25 de julho de 1999, apresentou uma variedade de artistas de diferentes gêneros musicais. No entanto, as condições no local eram precárias, com temperaturas extremamente altas, falta de água e instalações inadequadas. Além disso, houve relatos de preços abusivos para alimentos e água, o que gerou revolta entre os participantes.
O clima tenso entre o público resultou em tumultos e confrontos durante o evento, inclusive com relatos de estupros. Um dos momentos mais caóticos foi durante a música "Fire", do Red Hot Chilli Peppers, quando o público incendiou tambores e barracas, agravando ainda mais a situação. O festival foi encerrado antecipadamente devido às preocupações com a segurança, e várias pessoas ficaram feridas. Infelizmente, houve também relatos de mortes, como o caso de David DeRosie, que faleceu de parada cardíaca dias após receber atendimento médico.
Pearl Jam - Roskilde Festival, Dinamarca, 2000
No dia 30 de junho de 2000, durante o Roskilde Festival, na Dinamarca, a banda Pearl Jam se apresentava quando ocorreu uma tragédia que abalou o mundo da música. Um grupo de fãs causou uma confusão generalizada ao tentar se aproximar da grade que separava o palco do público, resultando em uma queda em massa de pessoas. Enquanto tentavam escapar dos atritos, uma multidão acabou pisoteando aqueles que estavam no chão, resultando na morte de nove pessoas.
Mesmo diante do caos, a banda tentou controlar a situação pedindo para que as pessoas parassem, mas já era tarde demais. Essa tragédia levou a reflexões sobre a segurança em eventos musicais e a necessidade de medidas preventivas para evitar incidentes semelhantes.
RBD - São Paulo, 2006
No dia 4 de fevereiro de 2006, durante uma tarde de autógrafos no Shopping Fiesta, em Guarapiranga, São Paulo, ocorreu uma tragédia envolvendo a banda RBD. Cerca de 10 mil pessoas se aglomeraram para ficar mais próximas dos integrantes do grupo, gerando uma situação caótica.
A histeria de alguns fãs levou a empurra-empurra e, consequentemente, várias pessoas foram esmagadas contra a grade de proteção. No total, 100 pessoas ficaram feridas e três morreram pisoteadas. Esse triste episódio evidenciou a importância de um planejamento adequado de segurança e controle de multidões em eventos desse porte.
Love Parade - Alemanha, 2010
Em 2010, durante o festival de música eletrônica Love Parade, realizado em Duisburg, na Alemanha, ocorreu uma das maiores tragédias da história dos eventos. O festival atraiu um público muito acima da capacidade máxima do local, resultando em superlotação e falta de organização.
Um túnel que dava acesso ao festival ficou lotado e, na tentativa de sair, ocorreu uma verdadeira avalanche humana, deixando 21 jovens mortos e mais de 500 feridos. Essa tragédia levou a uma grande reflexão sobre a segurança em eventos de grande porte e a necessidade de medidas preventivas para evitar incidentes fatais.
Boate Kiss - Santa Maria, 2013
No dia 27 de janeiro de 2013, a Boate Kiss, localizada em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Brasil, foi palco de uma das maiores tragédias da história do país. Durante um show pirotécnico, um incêndio se iniciou devido ao uso inadequado de sinalizadores, rapidamente se espalhando pelo estabelecimento.
A saída de emergência estava bloqueada, o que resultou em uma evacuação caótica e em muitas vítimas que não conseguiram escapar. O incêndio na Boate Kiss resultou na morte de 242 pessoas, a maioria jovens universitários, e deixou dezenas de feridos. A investigação apontou diversas falhas, como a falta de alvarás de funcionamento, saídas de emergência inadequadas e materiais inflamáveis no local. Essa tragédia gerou debates sobre a segurança em locais públicos e levou a mudanças nas regulamentações e fiscalizações em casas noturnas em todo o país.
Conclusão
Os desastres em eventos musicais são momentos trágicos que deixam marcas profundas na história do entretenimento. Para os gestores de eventos, as lições aprendidas com essas tragédias são fundamentais para a melhoria das condições de segurança em shows e festivais, a fim de garantir que o público possa desfrutar de suas paixões musicais de forma segura e prazerosa. A conscientização sobre a importância de uma organização adequada, fiscalização rigorosa e medidas preventivas é essencial para evitar futuros incidentes e preservar a integridade dos fãs e artistas envolvidos nos eventos musicais.
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